O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), já fez diversos pronunciamentos neste ano garantindo mudanças nos direitos dos trabalhadores, a partir de 2019. Um das que mais preocupam as entidades sindicais é a chamada “reforma” da Previdência, que pretende substituir o atual sistema de repartição – no qual existe a participação do Estado, de empresas e dos trabalhadores – para um modelo de capitalização com contas individuais que, na prática, cria um sistema injusto e desigual no valor do benefício da aposentadoria no final da vida.
É contra esta ameaça aos cerca de 51 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que contribuem hoje com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) que as centrais sindicais, como a CUT, promovem nesta quinta (22) o Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Previdência e da Seguridade Social.
O diálogo com a população se deu nas ruas e nos locais de trabalho do Brasil e acontece em vários estados brasileiros, como, por exemplo, no Paraná, no Ceará, em Pernambuco e em São Paulo.
Na capital paulista, os servidores municipais entregaram jornais em diferentes pontos da cidade como na estação de trem da Mooca-Juventus, na saída da fábrica Lorenzetti, no Centro Esportivo e na UBS da Mooca; visitaram também a base regional do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), o Hospital Municipal e Maternidade Dr. Mário Degni e a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei), todos no Rio Pequeno, além das prefeituras regionais de Itaim Paulista, São Mateus e Mooca.
“Os trabalhadores municipais encampam a luta pela Previdência pública no país e, ao mesmo tempo, defendem a Previdência pública e solidária na cidade de São Paulo contra a proposta do prefeito Bruno Covas, que pretende aumentar a alíquota de contribuição – que hoje é de 11% – para até 19%. Ele também quer criar um fundo complementar de Previdência, que significa dar passos para acabar com aposentadoria do funcionalismo municipal”, relata o servidor municipal, João Batista Gomes, também dirigente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo e da CUT São Paulo.
Em outro ponto da cidade, os metroviários conversaram com pessoas que passavam pela estação Itaquera do Metrô. Da mesma forma, os sindicatos dos Médicos e dos Trabalhadores Públicos da Saúde, ambos do estado de São Paulo, montaram uma tenda no Hospital das Clínicas para debater com a população.
Em sintonia com as ações dos trabalhadores da saúde, bancários engrossaram a luta em defesa da aposentadoria, entre outros lugares, em frente a agências da Avenida Paulista e no Telebanco Santa Cecília do Bradesco. Os dirigentes dialogaram com trabalhadores e distribuíram jornais. A mesma ação aconteceu em Osasco, na Cidade de Deus, onde fica a matriz do banco Bradesco, e na estação de trem do município, no centro, em ações que envolveram sindicatos e movimentos ligados à Frente Brasil Popular de Osasco.
“Algumas pessoas não sabem ainda como será profunda a reforma de Bolsonaro para a Previdência e ficam horrorizados quando provamos que é uma proposta que será pior do que a do Michel Temer. Não é de hoje que explicamos isso, mas o interesse dos trabalhadores parece ter aumentado. Isso mostra o quanto o trabalho de base representa um caminho assertivo. É preciso politizar cada vez mais os trabalhadores sobre a desgraça que está por vir”, afirma o vice-presidente da CUT São Paulo, o bancário Valdir Fernandes, o Tafarel.
No interior paulista, na cidade de Bauru, a ação em defesa da aposentadoria foi em frente à agência do INSS. Em Votorantim, dirigentes sindicais do setor vestuário de Sorocaba conversaram com as trabalhadoras da Emphasis, empresa fabricante de jeans para diversas marcas. Em São Carlos, o trabalho de base ocorreu na unidade metalúrgica da Tecumseh do Brasil. Na parte da tarde, a subsede da CUT em São José do Rio Preto realiza panfletagem no Terminal Urbano Municipal.
Em todos os lugares, os sindicatos e movimentos também lembram que os devedores da Previdência são grandes empresas, como Bradesco, Bracol Holding Ltda e JBS, entre outras, que acumularam uma dívida até 2015 de R$ 375 bilhões.
Entenda
O Dia Nacional de Mobilizações em Defesa da Previdência e da Seguridade Social nesta quinta-feira (22) é a primeira ação realizada pela campanha permanente construída pelo Fórum das Centrais formado pela CUT, CTB, Intersindical, CSB, CSP-Conlutas, NCST, UGT, CGTB e Força Sindical.
As centrais são contra a reforma prometida pelo novo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que, ao lado do economista Paulo Guedes, pretende mudar as regras da aposentadoria dos trabalhadores brasileiros.
A campanha foi lançada oficialmente em ato público no dia 12 de novembro, na sede do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no centro da cidade de São Paulo. A ideia é que protestos, panfletagem de materiais, diálogo nas ruas com a população e assembleias nos locais de trabalho façam parte de uma ação permanente em 2019 para barrar as mudanças anunciadas por Bolsonaro.
* com informações CUT/SP