ENTREVISTA COM ANTÔNIA SOUZA – DIRIGENTE SINDICAL DO SITSESP – SEC. DE SAÚDE DO TRABALHADOR

by mhais

COMO A COVID-19 AFETA A CATEGORIA E COMO SE ENCONTRA O SESMT (SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO) PARA OS TRABALHADORES DO SISTEMA SOCIOEDUCATIVO?

A: Os efeitos da pandemia dentro da Fundação CASA são terríveis, já existem mais de 800 servidores contaminados com o corona vírus, muitos já se recuperaram e retornaram ao trabalho, outros estão internados, alguns na UTI entubados em estado muito grave. Tivemos funcionários que permaneceram por mais de 25 dias na internação. Por exemplo, há casos no hospital Carlos Chagas em Guarulhos e no hospital Aviccena no Tatuapé.  A Fundação não está dando nenhum suporte aos trabalhadores internados. Eu, Antônia, representando o SITSESP venho acompanhando alguns colegas internados, casos graves em UTI, onde os trabalhadores se encontram extremamente debilitados e tenho perguntado a eles e aos seus familiares se a Fundação tem entrado em contato, porém, somente a divisão Vila Maria está acompanhado os servidores internados através da assistência social.

A categoria ainda deve enfrentar a negligência da Fundação que não está abrindo o CAT, os setores administrativos das unidades se recusam a receber o requerimento de abertura do CAT. O SITSESP enfrenta essa injustiça recorrendo ao Ministério Público com denúncias e também encaminhando e-mail à Fundação CASA para exigir procedimentos efetivos para os funcionários adoecidos. A Fundação até o momento não respondeu se vai abrir ou não o CAT. Esclareço que em decisão do STF, o corona vírus é considerado doença ocupacional, já que os trabalhadores podem se contagiar no serviço, ou ainda no trajeto residência-serviço ou serviço-residência. A gente percebe que na sede da Fundação os profissionais da área de saúde não estão fazendo absolutamente nada, nenhum desses profissionais foram disponibilizados para realizarem a abertura do CAT.


A TESTAGEM GERAL ESTÁ PROGRAMADA? QUAIS  OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO OFERECIDOS AO TRABALHADOR PARA EVITAR O CONTAGIO E A PROLIFERAÇÃO DO VÍRUS?

A: O vírus tomou conta das unidades da Fundação CASA, como acontece nos complexos do Brás, nas unidades de Raposo Tavares, Leopoldina, CASA’s São Luiz I e II e na divisão do interior DRO. A Fundação fez a testagem nessas unidades porque os educados apresentaram a COVID-19.

A testagem geral não está sendo considerada pela Fundação CASA, não existe um cronograma para atender a demanda da categoria que exige testagem geral. E, ainda pior, o descaso da Fundação chega ao ponto de terem disponibilizado máscaras cirúrgicas somente para a realização de procedimentos externos, por exemplo, levar um educado para atendimento clínico. Já para o dia a dia dos trabalhadores, as máscaras que estão sendo usadas são máscaras de tecido simples provenientes de doação de uma instituição religiosa. Também sofremos com a demora do equipamento para medir a temperatura dos trabalhadores e a divisão do Brás ainda não realizava a medição da temperatura, por não terem recebido treinamento. Contudo, em reunião do sindicato com esta divisão, lembramos que quando foram instalados os scanners que emitem radiação nas entradas dos complexos, em menos de 3 dias a Fundação realizou o treinamento para manusear o equipamento e submeter os trabalhadores a esse procedimento.


QUAIS SÃO OS PROBLEMAS COM O CONVÊNIO MÉDICO?

A: O convênio médico dos servidores é de coparticipação com a Amil 400 e, na crise sanitária provocada pela COVID-19, está sendo muito difícil contar com um plano de saúde digno. A Amil 400 não está realizando o teste da COVID, os realiza apenas em casos de extrema gravidade, quando o trabalhador apresenta sintomas graves que indicam a necessidade de internação. Temos casos de trabalhadores que solicitaram o teste por apresentarem temperatura elevada, porém os hospitais não tem autorização para realizar o teste. Há hospitais parceiros da Amil que cobram para realizar o teste, como, por exemplo, o hospital de Itaquera. A categoria ainda sofre com o reajuste abusivo de quase 14% que ocorreu em janeiro deste ano no plano de saúde.


COMO ESTÁ A CATEGORIA NESTE MOMENTO?

 

A: Pânico, a gente está a metros de cair num abismo, é essa a sensação que estou sentindo. A categoria está angustiada, não só pelo fato da gente não ter tido um aumento, um dissídio, mas pelo que já aconteceu, como por exemplo o aumento do convênio médico e em seguida a pandemia que adoeceu centenas de servidores. E agora um estresse muito grande porque a Fundação está demitindo os profissionais aposentados. Isso tá criando muita angustia, não somente nos demitidos, mas também naqueles profissionais que estão próximos a alcançar a aposentadoria e também em outros profissionais que se aposentaram apressadamente para tentar fugir da reforma da previdência, porém foram aposentados com 70% do salário. O salário dos trabalhadores do sistema socioeducativo não é bom e, quando aposentados, a renda é ainda menor. Como nós trabalhadores, que damos nossa vida ao sistema socioeducativo vamos viver com 70% ou 80% do salário?

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