Fundação CASA: cega, surda e muda diante das mortes dos servidores e servidoras do sistema socioeducativo.
Editorial Diretoria de Imprensa SITSESP
Estamos vivendo um momento muito difícil para nossas vidas. Este período de pandemia está nos deixando dia a dia com os nervos à flor da pele, com o estresse no limite e a preocupação de perdas daqueles que amamos, nos levam ao extremo da sensação que em qualquer momento receberemos a notícia que um parente, um amigo ou um colega de trabalho perdeu sua vida.
Esta sensação piora ainda mais quando se trata da nossa categoria de trabalho, um setor que para algumas funções como os Agentes de Apoio – Segurança – Socioeducativos que vivem no seu limite extremo dentro e fora das muralhas do sistema socioeducativo.
Esta sensação está instituída principalmente pela falta de sensibilidade, apoio, acompanhamento e tratamento por parte do setor que deveria ser competente dentro da Fundação CASA, identificando e encaminhando aqueles servidores que manifestam algum tipo de comportamento estranho ao seu trabalho para um tratamento preventivo e eficaz. Mas este setor não se preocupa com isso pois, para o patrão somos apenas números, RE’s que são devidamente substituídos depois da baixa no RH.
Isso é de fácil constatação quando um servidor sofre um acidente de trabalho ou é afastado por alguma doença, o setor “competente” faz um primeiro contato para informações básicas e depois abandona o servidor à própria sorte.
Estamos perdendo guerreiros que este mal que atende pelo nome de COVID-19 está levando embora, e aqueles que estão desistindo da própria vida, deixando para trás uma vida produtiva que se tivessem tido o apoio necessário e um acompanhamento devido, ainda estariam aqui conosco.
Nossa colega de trabalho do setor psicossocial Maria Helena Machado, tipifica bem com suas palavras, aquilo que deveríamos fazer para constatar esses comportamentos:
“Sei que o momento está muito desgastante para todos (as) os trabalhadores (as) da FC, a pandemia que nos cerca, esses fechamentos de centros, essas transferências descabidas, distante das suas casas, levando as pessoas a desmotivação e desânimo, entre tantas demandas de abuso já tão conhecida na instituição; mas peço que minhas colegas e meus colegas psicólogas deem uma atenção ao perceberem um colega trabalhando com depressão, angustiado, triste, ansioso, acelerado, irritado ou muito estressado. A maioria dos colegas em sofrimento emitem algum sinal, os que estão com ideação suicida, as vezes mandam sinais de sua extrema dor. As vezes parar e fazer uma conversa de 30 minutos com um colega faz toda a diferença. Sei que o dia a dia nos centros é uma sucessão de tarefas sem fim, mas quem puder, acolha quem está ao lado, muitas vezes precisando de apenas uma atenção, uma palavra de consolo, uma orientação para buscar ajuda, uma escuta, um olhar. ” Finaliza com muita perspicácia Maria Helena.
Somos pais, mães, avós, filhos, seres humanos e Servidores públicos num trabalho essencial e na linha de frente da socioeducação no Estado de São Paulo, não deixemos mais a Fundação CASA e este governo exterminador do serviço público continuar nos tratando como meros números substituíveis.