Fundada em 29 de abril de 1984, CUT São Paulo está à frente no enfrentamento de pautas importantes para a classe trabalhadora.
Há 40 anos, a luta pelo movimento “Diretas Já!”, que reivindicava eleições diretas para presidente, estava no auge quando a CUT São Paulo deu os primeiros passos de existência, no dia 29 de abril de 1984. O Sindicato dos Químicos de São Paulo foi o palco da criação da entidade, que nasceu durante um Congresso realizado nos dias 27, 28 e 29 daquele mês.
Com a participação de quase 700 delegados e 60 entidades, representando mais de dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras, a primeira estadual foi criada pouco menos de um ano após a fundação da CUT Nacional.
O Ceclat que aprovou a fundação da CUT São Paulo elegeu uma direção composta por 26 membros efetivos, sendo 11 na executiva. Na época, a CUT funcionou provisoriamente na rua Ouvidor Peleja, no bairro Santa Cruz, e também no ABC Paulista, em Santo André.
“A CUT estadual nasceu no olho do furacão. O que caracterizou seu nascimento foi um embate, que tinha por um lado a exploração capitalista e por outro a ditadura militar”, afirmou o primeiro presidente da CUT-SP, Jorge Coelho, em entrevista à publicação “28 anos de organização, lutas e conquistas CUT/SP desde 1984”. O executivo era representante dos Químicos de São Paulo.
Lutas do passado persistem no presente
Ao longo das décadas, a CUT São Paulo se fortaleceu nas lutas para além do local de trabalho, com um olhar para a classe trabalhadora em diferentes aspectos. Uma das principais batalhas da Central é contra as privatizações e terceirizações dos serviços públicos, que assolam São Paulo desde o governo PSDB e persistem na gestão do atual governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“A CUT-SP tem participado ativamente e enfrentado vários governos de direita no estado de São Paulo. Quando falamos em privatização, São Paulo está à venda faz 30 anos, então sempre estivemos à frente pela não entrega do patrimônio público à iniciativa privada”, pontua o atual presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart.
Em 1984, ano de fundação da CUT-SP, o enfrentamento pela retomada da democracia era latente e a entidade foi fundamental nessa conquista. Mesmo após quatro décadas, essa é uma pauta atual na agenda da Central, já que o regime democrático tem sofrido diversos ataques.
“A democracia está frágil, a gente tem visto pelos atos antidemocráticos que têm acontecido. As pessoas afrontando o STF, o governo federal. O fortalecimento da democracia vai passar pelas eleições municipais. Precisamos eleger o maior número de vereadores e vereadoras comprometidos com a classe trabalhadora”, analisa o presidente Raimundo ao citar a importância das eleições municipais de 2024, que ocorrerão em 6 de outubro”.
Retrospecto
Enquanto o Brasil pedia democracia, o ano de 1984 foi marcado por movimentos importantes para o mundo do trabalho na esfera estadual, seja na cidade ou no campo. Em abril daquele ano, 10 mil metalúrgicos cruzaram os braços em São José dos Campos (SP) e 200 mil professores da rede pública de São Paulo. Em maio, foram os bóias-frias em Goiás, São Paulo e Minas Gerais, e os professores das universidades federais.
No 1º Congresso da CUT São Paulo, realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC nos dias 10, 11 e 12 de maio de 1985, as principais resoluções aprovadas foram a construção de uma nova estrutura sindical com liberdade e autonomia, a luta para que os organismos de repressão impostos pela ditadura fossem revogados, entre outras pautas.
Já o ano de 1990 é marcado pelo anúncio do Plano Collor, a mais desastrosa intervenção econômica para a classe trabalhadora brasileira. Neste momento, a CUT-SP se organizou nas manifestações que pediram o impeachment de Collor. No 6º CECUT, realizado em 1991, a ata aprovou a participação da Central na mesa de negociação tripartite proposta pelo governo federal em setembro de 1990.
Nos anos 2000, cada vez mais bandeiras de luta passaram a ser incorporadas na agenda da CUT-SP, impulsionadas também pela conjuntura nacional progressista sob o governo Lula. Ganharam força pautas como o Dia Mundial das Mulheres, da Consciência Negra, do Orgulho LGBT+, campanhas pelo fortalecimento da agricultura familiar e pela erradicação do trabalho infantil.
Em 2006, a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução dos salários e o aprofundamento da Campanha Salarial Unificada (CSU) também foram pontos aprovados em resoluções do 11º Congresso Estadual da CUT São Paulo. Ainda naquele ano, dentro da organização estadual, foi criada a Secretaria da Mulher Trabalhadora. Desde 1986, a causa das mulheres dentro da CUT-SP era tratada por meio de uma Comissão.
Uma grande conquista aconteceu em 2015, época em que a Central conseguiu implementar a paridade de gênero na direção, o que significou grande avanço na representatividade das mulheres nas posições de comando.
De regionais para subsedes
A construção da militância da CUT estadual se espalhou por São Paulo, inicialmente, por regionais. O metalúrgico do ABC, José Lopez Feijóo, presidiu a entidade entre 1991 e 2000, e participou desse processo organizativo.
“Montamos cinco escritórios: um em Presidente Prudente, um em Bauru; um em Ourinhos; outro no Vale do Ribeira; e o quinto em Ribeirão Preto. A experiência foi muito positiva. Consolidamos a tese da estrutura solidária, que juntava todos os sindicatos e unificava para produzir uma ação sindical coletiva que respeitasse as necessidades das categorias e que fizesse uma construção de solidariedade permanente e pudesse fazer uma ação geral da classe”, explica Feijóo em relato ao acervo ABC de Luta, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Essa forma de organização sofreu mudanças no 7º Congresso Estadual da CUT realizado em Ribeirão Preto nos dias 15, 16 e 17 de abril de 1994. Na ocasião, foi aprovado o fim das regionais, que foram substituídas por subsedes.
fonte © CUT | SP