Biografia Carolina de Jesus
(Autor desconhecido)
Carolina de Jesus, nasceu em 14 de março de 1914, natural de Sacramento/MG. De origem muito humilde, neta de negros escravizados, desde criança manifestava o desejo de aprender a ler e a escrever.
Ingressou aos sete anos no Colégio Alan Kardec, cursou somente as duas séries iniciais, do primário, teve que deixar a escola, pois a mãe com poucos recursos, não conseguia mais manter a si e aos filhos na cidade e resolveu mudar-se para a roça. Moraram ainda em diversos outros lugares, sempre lidando com dificuldades.
Em 1937, Carolina Maria de Jesus mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou durante algum tempo como empregada doméstica. Em 1948, desempregada, solteira, grávida foi viver na favela do Canindé às margens do rio Tietê, onde nasceram seus três filhos João José (1948), José Carlos (1950) e Vera Eunice (1953).
Enquanto viveu ali, sua forma de subsistência era catar papéis e outros materiais para reciclar, em meio a essa rotina, todos os cadernos que encontrava na rua, aproveitava para escrever os sentimentos, as dores, os sonhos, os amores, os conflitos, as denúncias referentes à sociedade desigual. O hábito de escrever foi uma forma de colocar pra fora a dura realidade. Após anos de luta, foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, que a ajudou a editar os trechos de seu diário em um jornal. Foi ele quem ajudou a escritora em 1960 a publicar seu primeiro livro – Quarto de Despejo: Diário de Uma Favelada, no livro, Carolina conta as dificuldades, a miséria, a violência, a fome, e o sacrifício para obter comida como catadora de papel. Seus livros foram traduzidos para 13 idiomas e publicados em mais de 40 países, foi sucesso de venda. Em 1960 ela recebeu homenagem da Academia Paulista de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo, além de receber um título honorífico da Orden Caballero del Tornillo, na Argentina, em 1961.
Carolina ficou conhecida em diversos países. Lançou mais três livros.
Finalmente saiu da favela e mudou-se para uma casa no bairro de Santana.
Sua fama durou pouco, em suas próprias palavras, Carolina tinha virado um artigo de consumo, alguém que é vista com curiosidade, mas descartada depois que a moda passa. Teve de voltar à condição de catadora de papel para garantir sua sobrevivência.
Carolina Maria de Jesus morreu no dia 13 de fevereiro de 1977, aos 63 anos, esquecida pelo mercado editorial, morando num sítio em Parelheiros. Os livros publicados depois de Quarto de despejo não tiveram o mesmo sucesso. Obras publicadas Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada (1961), Pedaços da fome (1963),Provérbios (1965). Publicações póstumas Um Brasil para Brasileiros (1982), Diário de Bitita (1986), Meu
estranho diário (1996), Antologia pessoal (1996), Onde estaes felicidade? (2014). Carolina morreu deixando muitos manuscritos que, até os dias de hoje, não foram publicados.
Carolina Maria de Jesus, considerada uma das mais importantes escritoras do Brasil, virou assunto entre escritores de renome: Rachel de Queiroz e Manuel Bandeira, foi uma das primeiras escritoras negras do país.
